MÁRTIRES DO VÍCIO
Piscina de folhas secas
Turvas
Flores mortas, relento da noite
Fulguras de momentos
Noite nos trilhos da estrada de ferro
Os caminhos dos excessos
conduzem aos palácios da sabedoria
porém suas torrentes varrem
para longe valiosas virtudes
Verdes veredas serpentinosas
onde encontram-se tantos zumbis,
as esculturas dos excessos
Bravas caveiras sobre os trilhos
lutando para manterem-se em pé
com seus crânios ebúrneos
Perto do lugarejo fétido dos abutres
a inscrição meio apagada na parede
"vigor esquelético de olhos lúgubres"
Jardins de flores de plástico
Aromas
Multicores artificiais
Contos de vidas esquecidas
Noite nos trilhos da estrada de ferro
No denso pântano de sepulcros
sobre o túmulo dos fortes-fracos
outros guerreiros vêm velar os esquecidos
Tolhidos em sua embriaguez
cantam transgressões
para os entes náufragos
Era uma noite de verão
quando percebi as cinzas
morrendo no chão que não se mexe
Desde então nunca mais
olhei para o chão que não se mexe
As cinzas passaram a voar com o vento
sem cair como se cai
sem ruído algum na noite
Morpheus