Falso
É tão fácil ser falso
Como o vigário descalço
A procura do otário
Que fará de bom trato
O ceder de um trocado
A este pobre farrapo
Que em breve deitado
Irá deleitar-se dopado
(e ainda descalço)
É conveniente ser falso
Quando o sorriso te oprime
E devora sua alma:
Começou a batalha
De quem se entrega primeiro
Sem se falar no receio
De demonstrar-se o medo
De perder essa queda de braço
Desse gostar enjaulado
Enviado e guardado
Pelo mais vil minotauro
Num labirinto em chamas
De nossas meras relações humanas
É comum ser falso
Falso como todo espantalho
Falso como um parabéns de aniversário
Falso como nossas bocas fechadas
Falso como as nossas falácias
Falso como a fidelidade perpétua
Falso como a nossa modéstia
Falso como a honestidade e altruísmo
Falso como acreditar em destino
Falso como qualquer rei menino
Falso como o livre arbítrio
Falso como a quem tudo condena
Falso como este poema!
Falso!