Falso

É tão fácil ser falso

Como o vigário descalço

A procura do otário

Que fará de bom trato

O ceder de um trocado

A este pobre farrapo

Que em breve deitado

Irá deleitar-se dopado

(e ainda descalço)

É conveniente ser falso

Quando o sorriso te oprime

E devora sua alma:

Começou a batalha

De quem se entrega primeiro

Sem se falar no receio

De demonstrar-se o medo

De perder essa queda de braço

Desse gostar enjaulado

Enviado e guardado

Pelo mais vil minotauro

Num labirinto em chamas

De nossas meras relações humanas

É comum ser falso

Falso como todo espantalho

Falso como um parabéns de aniversário

Falso como nossas bocas fechadas

Falso como as nossas falácias

Falso como a fidelidade perpétua

Falso como a nossa modéstia

Falso como a honestidade e altruísmo

Falso como acreditar em destino

Falso como qualquer rei menino

Falso como o livre arbítrio

Falso como a quem tudo condena

Falso como este poema!

Falso!

Felipe Alves Freitas
Enviado por Felipe Alves Freitas em 04/01/2014
Reeditado em 04/01/2014
Código do texto: T4636469
Classificação de conteúdo: seguro