PORTO SEGURO
Por Carlos Sena



Caminho sem saber do caminhar
de outros  caminheiros.
Em busca de colheitas nunca plantadas
nos campos férteis da imaginação, sigo.
No final da estrada
Mãos estendidas ao destino
Sinto a palmatória me bater sem desatino.
No destino dos justos não fustigo
No desatino dos ímpios não me imagino.
Na colheita das horas, cadê o bornal...
Na construção do meu tempo, carnaval.
Caminho sem saber pra onde vou e prefiro.
Os caminhos conhecidos se ensimesmam,
enquanto meu pecado se purifica
pelas topadas que na vida dou;
pelas ousadas investidas que na vida sou.
Caminho, só isso. 
Caminhar é destino dos inconformados!
Porque a tempestade prenuncia silencio
E nem sempre o lenço branco se esconde a despedida.
Um dia, no meu destino encontrei uma pegada.
No outro dia no meu desatino, nem alma penada;
Assim, comigo no bornal da caminhada,
hei de chegar sem a certeza de ter chegado, 
porque assim é o caminho da vida
perdida em si mesma em busca de porto seguro.