Sombra
Ela nasceu ao abrir dos livros.
Sentou-se ao meu lado e de lá não saiu.
E desde então, uma nova amiga conseguiu.
E de tão grande e tão densa,
Sua voz soava, seu trovão cantava:
"Culpada!", dizia.
E aos poucos, meu coração encolhia.
Enquanto meu caminho prosseguia
"Culpada!" era o que ecoava
Pelo caminho tão escuro
Como a Sombra que me acompanhava.
Parando num desvio estranho,
Num canto que não tinha percebido,
Vejo um raio de luz tímido.
Tentando segurá-lo em minhas mãos
Vejo meu próprio reflexo.
Cansado, triste e gelado.
Com a Sombra sempre ao meu lado.
Continuo andando pois não sei como voltar.
A Sombra sempre a me acompanhar.
Mas não mais a temo,
Tento não me preocupar.
Pois ao olhar para o espelho
Vejo que o cansaço e a tristeza
Aos poucos estão a me deixar.