Mexeriqueira
Vida sem graça mulher fofoqueira
Debruça sobre a janela da casa apagada
Cuida do rabo de quem ali passa
Cuida da rotina alheia e vive uma vida sem graça.
No quarto dos fundos a menina não fala
No sofá da sala o marido esquecido
Em outro canto da casa um filho arredio
E você ainda olhando a vida alheia, continua na janela debruçada.
Sua vida continua embaraçada,
Mas você prefere espiar a janela vizinha
A comida ainda está por fazer,
E a menina ainda brinca sozinha.
Ma a língua continua afiada,
Se desdobra investigando a Maria
Desconfia dos amores de Terezinha,
Sabe tudo de Josefa, de Margarida, mas diz que a fofoqueira da rua é Dona Gracinha.
Mulher mexeriqueira
A sua história é de pena,
Empenha-se apontar a vida alheia
Mas chora escondida a decadência da sua falsa realeza.