Poema Para a Minha Esposa
Continuo Confuso
Buscando o sentido
Ou ao menos uma
Justificação
Para esta vida:
Exatamente como
Quando tinha dez anos
Quatorze, dezoito.
E agora o aluguel,
Os cartões de crédito,
As exigências trabalhistas,
Os cálculos econômicos,
As conjecturas políticas
Tingem com mais sombras
A escuridão.
O corpo aos poucos
Se desfaz
E é cada vez mais raro
A música, a beleza e
A dignidade.
Não gosto de te ver
Triste recolhida em um
Canto da casa.
O seu sorriso é admirável,
É um dos poucos redutos
Onde ainda encontro
Música, beleza e dignidade.
Não permita que os anos
Tragam ferrugem para
A tua boa vontade.
Não permita que a infâmia,
A inveja, o egoísmo
Descolore a primavera
Que sempre existiu a
Sua volta.
Os anos assomam perdas,
Fraqueza e ignorância.
Porém, contraponho aos anos
Meu simples e inquebrantável
Sim e contraponho também
Você.