Nenhuma noite me esconderá

Nenhuma noite me esconderá

O fundo do sofrimento.

Quase nada é tão escuro

Quanto à noite

Que tenta por bordados

Na noite e ela me entrega quase tudo

À noite me demonstra como

Somos pequenos

Ao fabricarmos

Continentes

Cingidos pela noite:

Mas nós sabemos mais.

Mesmo assim, deus

Age e anda

Escrevendo discursos progressistas

Sobre a vitalidade da própria voz.

São tantas

As mentiras que inventamos

Sobre seu respeito.

Nem todo grito de dor

Se transformará em música:

O infinito não pode ser tratado somente por

Pessoas que fedem

E talvez

O infinito não passe de um fedor

Que, contudo

Passa.

Nossas mãos vão ao céu

Envergonhadas por

Terem de assinar

Tanto papel,

Mas a noite

Que cada um tem guardado

Salvará cada pessoa e palavra

E

Gesto.

Daniel Barbosa
Enviado por Daniel Barbosa em 02/01/2014
Código do texto: T4633946
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