Os muros do cemitério

O poema desperta em plena escuridão

Versos enjaulados desfilam

Desviam do trânsito

Animal no asfalto brilhante

Na descontinuidade da noite

A lua resplandece

Ruas tortuosas que sobem

Os morros da vila Cachoeirinha

Não procure

O que não quer achar

Senão um dia

O que for,lhe encontra

Um carro de polícia passa

Com luzes piscantes

Na avenida sempre iluminada

Sombras perambulantes fuçam o lixo

Um prostituta canta

Alma descalça

A pisar na brasa do inferno

E na urina dos ébrios

Numa parede manchada

Um cartaz diz

Não temos vagas

A sociedade nem reclama

Nada que se quer

Completa o desejo

Sacia a revolução

Coração embalsamado

Um parque vazio na madrugada

Elfos escalam árvores

Dos olhos saltam peixes

Que alimentam o mar profundo

carlos assis
Enviado por carlos assis em 01/01/2014
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