Os muros do cemitério
O poema desperta em plena escuridão
Versos enjaulados desfilam
Desviam do trânsito
Animal no asfalto brilhante
Na descontinuidade da noite
A lua resplandece
Ruas tortuosas que sobem
Os morros da vila Cachoeirinha
Não procure
O que não quer achar
Senão um dia
O que for,lhe encontra
Um carro de polícia passa
Com luzes piscantes
Na avenida sempre iluminada
Sombras perambulantes fuçam o lixo
Um prostituta canta
Alma descalça
A pisar na brasa do inferno
E na urina dos ébrios
Numa parede manchada
Um cartaz diz
Não temos vagas
A sociedade nem reclama
Nada que se quer
Completa o desejo
Sacia a revolução
Coração embalsamado
Um parque vazio na madrugada
Elfos escalam árvores
Dos olhos saltam peixes
Que alimentam o mar profundo