As dores do mundo
As dores do mundo
Quem nunca ouviu um grito de dor
De mães que perdem seus filhos
De crianças desaparecidas
Feito fumaça no ar...
Quem não sentiu as dores do parto
Preferem ser anestesiadas...
Pra não sentir dor!...Tanta dor!...
Quem não se sentiu encurralado
Uma vez na vida?
Benza Deus!...Benza Deus!...
Quem não sentiu uma faca
Espetando seu pescoço?
Uma vez na vida?
Benza Deus!...Benza Deus!...
E a amargura dos outros?
As dores do outro?
Quem não sentiu?...
Os insensíveis...
Os não Filhos de Deus!...
São os alienados
Aqueles que só veem seu umbigo
Fechando os olhos para a dor alheia...
Estendam a mão, um abraço
Sujeira não é contagiosa
Muito menos pobreza,
Amor não causa dor!...
Nem pense em Deus só em si!
Deus está para todos,
Principalmente:
Para quem precisa sorrir...
Milhares morrendo de fome
Nem sempre um naco de pão
Jogado na caçamba da esquina...
E na mesma caçamba
Esquecidos bebês, menino, menina...
Mulheres e crianças estupradas
Depois esfaqueadas
Esquartejadas
Dentro de malas
Jogadas
Em um matagal
Ou no lixo!...
Ainda me pedem que cante o amor!...
Cantarei a sensualidade,
Ainda beijo a vontade...
Afinal:
Não morri...
As vezes vomito saudade...
As vezes durmo esquecido,
Daqueles que não esqueci...
"Fui a padaria
Um homem maltrapilho
Sentado na calçada...
Eu disse: Olá!...Apenas Olá!,,,
Ele começou a chorar...
Chorou e berrou em soluços
Que me senti andando de bruços
Querendo voltar... Não voltei!...
Aquele eco me perseguiu
Fincaram os pés nos meu ombros
Me senti entre escombros
Tão pequeno!...Tão pequeno!...
Perdoa-me Deus!...
Sentindo frio n'alma
Pensei:
Volto na volta com calma
Vou sentar na calçada
E conversar com Deus...
Voltando minutos depois
Parei na mesma calçada
O andarilho tinha sumido,
Andar...andar...ANDOR!...
Perdoa-me, SENHOR"!...
Governantes em seus carrões
Gargalham da desigualdade
Filhos da puta!...
Abram as portas das prisões...
Pais fechando a cortina do quarto
Cantando canto de dor
Esperando seu filho voltar...
(Aquele que nunca voltou)!...
Mães dormindo com um olho na porta
O outro no travesseiro
Esperando os rebentos...
No peito bomba-relógio
E labaredas lá fora...
A vida é um trem partindo
Um navio saindo
Do cais das despedidas
Com passagem só de ida...
Dor tem que ser intensa
Dor tem que ser imensa
Senão nunca será dor...
Dor não manca
Passos longos feito vento
Fere, mas não mata, espanca.
Tony Bahi@.