Ipês

As almas das árvores

E suas flores incandescentes

Gineceus de fogo

Sejam eles

Brancos, roxos e

Amarelos

No silêncio dos planaltos

A natureza grita e conspira

E não entendemos nada

Os Ipês dançam

No contraste das flores

na aridez das secas

Passos sem fim

Vislumbrar

– Sobre as serras

Em tons de cinza –

Oásis de vida

pulsando

E além do que te arrebata,

Surpreende ao fim

A peleja

No conflito banal

da vida com a morte

E o que ignoras

Temes, repulsas

Vences

Na sede cruel

Da língua afiada

Das serpentes

Um novo amanhecer

Semeando

Orvalhos e sóis

Em sonhos de pétalas

Colhe-se, por fim,

No mínimo,

Cores e perfumes

Na próxima tempestade

Do amanhã feliz