Desengano

Desengano

maria da graça almeida

Ai, longe vai o ido ontem,

eu, sensível, pequenina,

diferente das meninas

ressequidas do lugar.

Ai, meu passado sem mar,

rio, riacho, corredeira...

Em meu mundo de certezas,

sobre mim enorme o teto

e bem ao lado, sem beleza,

terra, pedra e poeira.

De nascença a goteira

a pingar melancolia

era a lágrima a molhar

a ausência da alegria.

Ai, minha gota a ensopar

o sentir que em mim sofria!

Ai, o meu sal a temperar

uma infante nostalgia,

Vai distante a infância

e a tola esperança

que o homem amigo-irmão

dividisse a água, o pão.

Meu passado era sem mar,

rio, riacho, corredeira...

só as dores bem regadas

inda hoje trago inteiras...

maria da graça almeida
Enviado por maria da graça almeida em 17/02/2005
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