Grito
Soubesse eu gritar o que a alma cala
talvez calasse a dor que grita n'alma!
Gritasse esse sonho fanho a plenos pulmões
Talvez sonhasse o amor acalentado...
Mas que sei eu de grito, de sonho ou de amor?
Morreram-me todos silenciosos e ainda embriões
Soubesse eu chegar ao pico das ondas
Não traria no peito essas feridas hediondas
Que foram forjadas tão profunda e devagar
Como a ação da água nas rochas...
Mas só sei ser assim, riacho calmo e murmurante
Seguindo sem alternativas para o mar
Ah, se eu soubesse gritar o que a alma cala!
Faria calar agora, a dor que grita n'alma.