poema calado

se queres saber do grito

que não se espalhou

nas planícies

que te cabem

ele pegou a cor dos meus olhos

e foi se perder

em outras paisagens

ele foi por dentro

e por fora

do que escorre

do que molha

saltou de sacadas

de vasos quebrados

prendeu-se em

altos galhos

bebeu de cada

broto

o orvalho

emulando

com beija-flor

um pairo

e no sobressalto

mudo das asas

burilou o ar

até cansar

partiu pelas cores

e dores

de cárceres

de fazendas

de cercas finas

até prender-se

nestas linhas

ululando olhos

arrecadando ganhos

pra quem tudo perdeu

se queres saber do grito

ele (ainda) não emudeceu

anda vagando por aí

gelatinando o brilho

dos olhos meus

MarySSantos
Enviado por MarySSantos em 29/12/2013
Código do texto: T4629841
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