AS AVENTURAS DO ZÉ (CAPÍTULO QUARTO) -O ZÉ VAI À PRAIA
O senhor Zé mais a Maria
Que já não estavam zangados
Tinham confessado os pecados
Ao padre da freguesia!
E como então nesse dia
O sol surgiu a brilhar
Foram os dois festejar
Para uma praia Algarvia!
Ela levou a toalha
E o creme de bronzear
Pois bonita queria estar
E com ela nada falha!
Ele levou os calções
Assim meio amaricados
Às bolinhas e aos quadrados
Que causavam sensações!
Virou-se a Maria a ele
Pra ralhar c`o desgraçado
Tu vê se tomas cuidado
Depois com a tua pele!
Maria, vou pró descanso
E pra ver as gajas nuas
Estou farto das falas tuas
Agora quero é marmelanço!
Tu deixa-te lá de contornos
E vê se tomas juízo
Não julgues ser paraíso
Só por te ter posto os cornos!
Vá Maria põe-te a andar
Vê se o rapaz já está pronto
Não me arranjes mais confronto
Que eu quero na água entrar!
Não te estou a ver nadar
Tens medo quase de tudo
Até de um simples entrudo
Quanto mais ires-te banhar!
E pra que serve então a bóia
Que trouxemos lá no carro
Por certo a ela me agarro
Não percebes minha jóia?
Sei que és meio refilona
E até meio perturbada
Da vida não sabes nada
A não ser seres comilona!
Pareces um pote feito
Que já te chamam tortulho
Agora vou ver se mergulho
Pois já estou com o pau direito!
Oh! Zé tu, toma cuidado
Olha as crianças ali
O que vão dizer de ti
Com esse palavreado?
Peço desculpa Maria
E eu nem sou autoritário
Só que no vocabulário
Há muito que existia!
Tens razão Oh! Meu bom zé
Vamos mas é divertir
Que o calor que está a vir
Deixa qualquer um em pé!
Eu vou prá agua também
Pois já estou em alarido
Que o puto ficou entretido
A brincar lá mais além!
Onde é que ele está?
Não o podemos perder de vista
Não venha aí um artista
Muitos ladrões aí há!
Ele já se sabe defender
Já está um homem e tudo
E com o curso de judo
Não se vão com ele meter!
Tu talvez tenhas razão
Mas para mais sorte minha
Manda-o ali prá sombrinha
Que acalmas meu coração!
Oh! Filho ouve o papá
Ele aí não te quer
Tens mais onde te entreter
Por isso daí sai já!
Porra mãe, que é ciência
Aturar esses fedelhos
Vocês estão a ficar velhos
E eu com pouca paciência!
Chiça Maria que é arte
Venho eu pra me alegrar
E acabo por me enervar
Mais valia ir pra Marte!
Talvez lá estivasses bem
A mil léguas de distância
Pois para tanta ignorância
Não deve haver mais alguém!
Olha mulher cala o bico
Já chega de nadadura
Está a barriga a ficar dura
E não mijes pró penico!
Vai lá arranjar comida
Que eu vou-me ali estender
E quando vieres com o comer
Não me tragas raticida!
Talvez estejas enganado
Pois és tu que vais comprar
Qualquer coisa pra tragar
Sem estares pra aí virado!
Caramba nem aqui, me escapo
Nada disto eu mereço
Mas porque tudo tem um preço
Fazes de mim um farrapo!
Cala-te lá oh!meu trombudo
Leva o teu filho contigo
Que eu fico a mostrar o umbigo
Isto não quiser mostrar tudo!
Oh! Maria há limites
Não abuses que fazes mal
Fica aí no areal
Mas cuidado, não me irrites!
Lá vai ele cambaleando
Parece um atrasadinho
Desde que traga o almocinho
Pra ele me estou cagando!
E quando o almoço concluir
Se ele não estiver com o grão na asa
Pensamos voltar pra casa
De onde não devíamos sair!
Fiquei a falar sozinha
A desabafar com os botões
Mas o Zé e os seus sermões
Estragam-me a cabecinha!
Mesmo c`os cornos na testa
O raio do homem não se cala
Qualquer dia tiro-lhe a fala
`Inda que não seja uma festa!