A SAGA DO POETA
Nasceu pagão e batizou - se só no bem,
Atravessou o mundo no cruzar dos mares
No pragmatismo percrustrou verdades,
Foi rei, poeta, santo foi ingênuo malabaris.
Jornada infinda vagueou no tempo
Na busca incansável sublimou paixão
Sofrido pela ausência da mulher amada,
Inspiração freqüente de seu coração.
Expôs na tela vida criação de glória,
Onde encontrou no dia sua potestade
Lá no poente enalteceu vaidades
Riscou no verso livre sua emoção.
Durante madrugadas conheceu as dores
Fecundadas no poema que cobriu de flores
Exibiu pendores colossais vetores
Na escalada simples dos grandes amores.
Descortinou no cerne da gentil magia
Penetrou no inconsciente daqueles que vão,
Cantou tranquilamente suas fantasias,
Voltou a ser criança a declamar no chão.
Aos pés da DEUSA VESTA ampliou seu grito
E foi nas mãos de EROS às profundezas do amor,
Com DIONÍSIO fez sua imortal orgia,
Em ZEUS curvou – se em prol do povo sofredor.
Aliou – se ao DEUS THOR ensurdecendo gritos,
Bateu – se em liberdade nos braços de MORFEU,
Enfureceu - se contra uma maldade não vivida
Sobrepôs no frio catre a batalha não vencida.
No olhar do inocente versejou enamorado,
Verteu poema e sextilhou canções,
Foi lobo, herói, conquistador das madrugadas,
No gueto frio a fera sempre idolatrada.
Viu vozes desvalidas de esquálidas pessoas,
Chorando deprimidas a suplicarem o pão
Na dura realidade viu quedar a prepotência
Diante da inocência e da ausência de razão.
Partiu sorrindo sempre como partem os poetas,
Repleto de esperanças com seus sonhos mil
A vislumbrar tranqüilo sua eterna moradia
Cantou em prol do mundo a etérea fantasia
De todos os poetas a exaltar a poesia...
CRS 25.04.07