ZÉ-NINGUÉM!

Eu vivo na rua, pois não tenho casa

Nem tenho dinheiro pra poder comprar

Durmo com as estrelas, na noite ao luar

E levo comigo, o frio que me arrasa!

Procuro no lixo, algo pra comer

Se tiver vontade pra que isso aconteça

E nem sei pensar, porque a cabeça

Quase se despega, do corpo, a tremer!

Tenho por companhia apenas um cão

Que tal como eu, vivia sem amor

E agora os dois, partilhamos a dor

Dormindo abraçados…nesse duro chão!

Já não tenho roupa, que possa vestir

Estou em frangalhos, assim esfarrapado

Mas somente Deus conhece o meu fado

Só que minhas preces, não consegue ouvir!

E o pão que preciso, quem é que mo traz?

Quem é que me tira o nó da garganta?

Quem é que me aquece, quem é que me canta

Ainda que falsas, as notas da Paz?

Sou um homem pobre, que já nada tem

Tudo se esvaiu, num instante profundo

Só quero saber onde está o mundo

Que mude a vida…deste zé-ninguém!

O Poeta Alentejano
Enviado por O Poeta Alentejano em 29/12/2013
Código do texto: T4629147
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