ZÉ-NINGUÉM!
Eu vivo na rua, pois não tenho casa
Nem tenho dinheiro pra poder comprar
Durmo com as estrelas, na noite ao luar
E levo comigo, o frio que me arrasa!
Procuro no lixo, algo pra comer
Se tiver vontade pra que isso aconteça
E nem sei pensar, porque a cabeça
Quase se despega, do corpo, a tremer!
Tenho por companhia apenas um cão
Que tal como eu, vivia sem amor
E agora os dois, partilhamos a dor
Dormindo abraçados…nesse duro chão!
Já não tenho roupa, que possa vestir
Estou em frangalhos, assim esfarrapado
Mas somente Deus conhece o meu fado
Só que minhas preces, não consegue ouvir!
E o pão que preciso, quem é que mo traz?
Quem é que me tira o nó da garganta?
Quem é que me aquece, quem é que me canta
Ainda que falsas, as notas da Paz?
Sou um homem pobre, que já nada tem
Tudo se esvaiu, num instante profundo
Só quero saber onde está o mundo
Que mude a vida…deste zé-ninguém!