AS AVENTURAS DO ZÉ!(TERCEIRO EPISÓDIO)-O ZÉ DESCOBRE A TRAIÇÃO!

Meio espantado, assim

O Zé lá se pôs a pino

Foi levar o seu menino

A passear no jardim!

Deixou lá o seu pequeno

No vai e vem a brincar

Pois parecia adivinhar

Que no corpo, tinha veneno!

Voltou então do passeio

E resolveu ir primeiro

Ver o feno no celeiro

Que se acabava, com receio!

Quando viu ali no chão

Sua mulher enrolada

Toda ela desnudada

Numa boa amarração!

O que fora o Zé encontrar?

Que a mulher o traía

E logo dali saía

Para uma arma ir buscar!

Ele nunca imaginou

Que a mulher isso fizera

Ficou pior que uma fera

Que quase o doutor matou!

Deu-lhe um tiro num joelho

Para não voltar a andar

Pra não mais se empoleirar

Na mulher, o raio do velho!

E a Maria, que corava

De vergonha e cabisbaixa

Só devia ter dado a racha

Ao seu Zé, que a governava!

E agora o que vai ser?

Da nossa vida tão pobre

Se a aldeia toda descobre

Nem queiram vocês saber!

Ouve lá meu caro sócio

Vamos lá isto esquecer

Que nem se chegam a perceber

Ou então dou-te o divórcio!

E o nosso rapazote

Como ia ser depois?

Se não ver a gente os dois

E habitou-se ao teu saiote!

Por certo vai querer ficar

Comigo, porque o pari

E tu desenrasca-te a ti

Não estou mais pra te aturar!

No que isto havia de dar

Já andava desconfiado

Dizia-se o outro, honrado

Só prá cabeça me enfeitar!

Nem posso à sair à rua

O que tu arranjaste Maria

Este foi o meu pior dia

E tudo por culpa tua!

O miúdo vem aí

E haja sinceridade

Vamos contar-lhe a verdade

Vê se o chamas, já aqui!

Vem cá ao pai ó João

A gente jamais te engana

Vi tua mãe na cabana

Com outro na agarração!

E então vais ter que escolher

Com qual de nós, queres ficar

Porque o pai vai-se ausentar

Já não quero esta mulher!

Não faças isso, paizinho

Eu preciso de crescer

E tu irás entender

Faz-me falta, o teu carinho!

Tem que ser, meu rico filho

Escolhe tua mãe ou a mim

Senão será o meu fim

A mesma cama, não partilho!

Oh meu pai tão adorado

Tanta mobília aqui há

Podes dormir no sofá

Ou até mesmo ao meu lado!

Obrigado, filho querido

Por essas palavras tais

Mas aqui não fico mais

I`inda que me tenhas pedido!

Mãe vê lá tu se o convences

Pois fostes tu a culpada

Filho não adianta de nada

Que a teimosia, não vences!

Se calhar querias que me calasse

Que o calado vence tudo

E teres aqui o chifrudo

Seria até uma classe!

Podes ficar descansada

Que amanhã já faço as malas

E agora vê se te calas

Pois não quero ouvir mais nada!

Meu esposo belo, perdão

Já estou arrependida

Sempre fostes minha vida

Desculpa lá a traição!

Vou pensar bem a rigor

E mais tarde te direi

Se aqui permanecerei

É apenas por esta flor!

Pró caldo não ficar grosso

Vamos com isto parar

Não adietamos lamentar

E ainda se queima o almoço!

O Poeta Alentejano
Enviado por O Poeta Alentejano em 28/12/2013
Código do texto: T4628609
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.