Sozinha...

Quando a mente explode de memórias incontáveis e você não sabe mais o que fazer, os olhos brilham de passado e o espaço vazio grita em minha alma os acordes ensandecidos da vida que ficou por viver.

Pensei que tivéssemos a eternidade para esgotar as diferenças e aperfeiçoarmos o amor rascunho que vínhamos rabiscando nas páginas do nosso tempo eterno! Não percebia o monstro sorrateiro da rotina rondando a nossa volta e fazendo com 'que para sempre' parecesse tempo além do suportável. Enfastiando o gosto do que outrora era bom.

Tola!

Deixei dormir tantos sois sobre nossas mágoas não ditas... Acumulei tantas decepções dentro daquela caixinha que quando fui guardar mais uma, não coube... A caixa não fechou e o que estava lá dentro, escondido de meus olhos, ficou exposto e sua visão era insuportável!

Minha alma gemeu!

De repente o espelho me mostrou alguém que eu não reconheci, que estranhei, que não quis ser...recuei.

Minhas certezas caíram...

Eu cai...

A tarde se fez cinza, cor de solidão!

Lágrimas rolaram pela janela em forma de chuva fina e persistente que alagou tudo, não deixando caminho para eu voltar. Um nevoeiro espesso encobre a visão do que há a frente, meus pés vacilam sem saber onde pisam, os olhos se estreitam tentando vislumbrar alguma luz... Acostumada a ter seu ombro como apoio tropeço a esmo, as mãos estendidas a frente do corpo buscam novo apoio.

Me apoio em mim mesma! Nos sonhos, no prático! E quando nenhum deles me da sustento suficiente, me recordo... Não de ti, por que você se foi sem nem perceber que estava indo, mas de mim, antes que o reflexo mudasse no espelho.