AS AVENTURAS DO ZÉ!(CONTINUAÇÃO)-O ZÉ FOI AO MÉDICO

Bem-disposto acordou

Ali ao lado da Maria

Até que ela lhe falou

Que ao médico hoje, ele ia!

Mau! Lá vamos nós começar

Outra vez a discussão

Não me dói o coração

E já sou capaz de andar!

Eu já vi isso, meu esposo

Mesmo assim i`nda é melhor

Pra que vivas mais esperançoso

Ires visitar o doutor!

Lá vou eu com muito custo

Pois dessas coisas não gosto

Ì nda, trago algum desgosto

Ou apanho mais um susto!

Vá lá Zé, não me aborreças

E põe-te já a caminho

Podes muito bem ir sozinho

Talvez de nada te esqueças!

É melhor tu vires comigo

Oh! Maria minha amada

È que não gosto mesmo nada

E só lá vou por castigo!

Ta bem, homem desnaturado

Nada, te posso fazer

E afinal, quer-te ver

Porque é um homem honrado!

Oh! Maria, não me digas

Que agora vais-me trair

Ou estás-te a distrair

Inventando aí cantigas!

Não me arranjes intrigas

O doutor é pessoa de bem

Gosta de ajudar também

Por isso não brigas!

Vamos lá embora então

Que a consulta está à espera

E eu estou a ficar uma fera

Está-me a subir a tensão!

Parece ser aqui isto

O local a visitar

Faz favor, podem entrar

Verem o que não tenham visto!

Bom dia senhora enfermeira

Venho pró doutor Jeremias

Já não o vejo há alguns dias

Desde a última bebedeira!

OH! Zé cala-me a matraca

Não se deve dizer isso

Fala-lhe antes do chouriço

Mas nunca dessa ressaca!

Não faz mal, podem falar

De tudo o que lhe apetecer

Ele já o vai atender

Que você já se vai calar!

Ai Credo, valha-me jesus

Olhem que eu medroso, sou

Se me arranjam alguma cruz

Digo, venho, e ali já vou!

Não tema, que corre bem

Vai ter toda a atenção

Se precisar de injecção

Lá estarei aqui também!

Virgem santa Madalena

Onde eu me vim meter

Que mais me irá acontecer

Maria, vê se de mim tu tens pena!

Tu não sejas mais medricas

Isso é coisa infantil

Bebe a água do cantil

Que já te dou umas dicas!

Ninguém te vai fazer mal

E vê lá se tens juízo

Se bem que era preciso

Esta revisão geral!

Mas onde está o doutor?

Já sumiu, foi-se embora

Entre lá mesmo agora

Sem sequer pedir favor!

Diga-me como tem passado

Depois ontem ter caído

Mostre-me esse joelho ferido

Que lhe causou aquele gado!

Atão na querem lá ver

Tenho que meu corpo mostrar

Não, na vou cá ficar

Tanto tempo pra esquecer!

Mantenha-se lá sossegado

Deixe-se de ideias ruins

Estou aqui pra outros fins

E só pra saber seu estado!

Ah! Bom, estou mais pacato

Noutras coisas já pensava

Que a mulher já bocejava

Chamando-me até de ingrato!

Dispa lá a camisola

Quero escutar os pulmões

E quero ver as pulsações

Deste grande mariola!

Agora quer-me despido

Outra vez já cá não volto

Isto deixa-me revolto

E dá-me volta ao sentido!

Não entre em alarido

Tudo isto é normal

Ninguém lhe quer fazer mal

Mesmo com o mundo perdido!

Vamos mas é despachar

Que o dia está avançado

Já a estou a ficar enjoado

Quero a casa, regressar!

Pronto, assim lhe digo

Tem uma saúde de inveja

Mas não se meta na cerveja

Que o vinho é melhor amigo!

Leva aqui uns comprimidos

E mais um supositório

E quero-o no consultório

Uns dois meses decorridos!

Era só o que faltaria

Vindo daqui desse nabo

Ir meter algo no rabo

E o que pensava a Maria?

Acho que vou caminhando

Até mais senhor doutor

E seja lá como for

Eu cá me vou arranjando!

Passe bem, Zé rabugento

Dona Maria adeusinho

Cuide dele com carinho

Não o deixe ser violento!

Ele é um homem de paz

Muito meigo e sedutor

Só vir aqui, não lhe apraz

Mesmo nada óh! Doutor!

Esta vez já se passou

E amanhã nem vai lembrar

Mas precisa é descansar

E leve isto que lhe dou!

Não precisa agradecer

Pois se dou é de bom grado

E o Zé pobre coitado

Nem precisa de saber!

Podemos ir confiantes

Nada lhe irei dizer

Não se vá aperceber

Que afinal somos amantes!

As melhoras, lhe desejo

Como a maior revelia

Mas que nunca saiba um dia

Dos cornos que nele vejo!

O Poeta Alentejano
Enviado por O Poeta Alentejano em 27/12/2013
Código do texto: T4627452
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