Sob o olhar de Vênus

Vênus me observa com seus olhos brilhantes

Por entre as folhas das arvores,

Por entre as nuvens do céu...

Observa-me com seu olhar que acusa,

Que constrange,

Que denuncia meu pecado...

Vênus me observa do céu,

Persegue-me com seu olhar.

Tento ignorar o olhar de Vênus

Mas não há como escapar...

Seus olhos atravessam as nuvens,

Atravessam minhas pálpebras,

Penetram minha mente, meus pensamentos...

Não é possível fugir do olhar de Vênus.

Seu olhar inflama minha consciência,

Denuncia sem dizer uma palavra,

Apenas um olhar...

Olhar cruel, olhar demoníaco,

Olhar de quem enxerga o pecado em nossa alma.

Vai até o fundo do nosso ser e resgata nossas lembranças,

Nossas lembranças mais enlameadas...

Vênus fulminou-me com seu olhar,

Trouxe-me à mente o que eu queria esquecer...

Eu, de espada em punho, adentrava o vale perdido,

Montanhas gêmeas, perigosas, escorregadias;

Descia pelo vale, chegava ao deserto aprazível,

Deserto de areia branca e macia,

Até escorregar para os portais do inferno...

Cavalgando um ginete enfurecido, adentrei os portais da morte,

Ofegante, entorpecido, alucinado,

Perdi-me no seio da escuridão,

Até ser lançado fora,

Cansado, fraco, ensanguentado,

Sob o olhar insistente de Vênus...

Não há como fugir de seu olhar,

Não há como fugir do olhar de Vênus.