SOIS POETA

Incauto naveguei na tua indiferença.

Um mar de imprevisíveis águas,

Marés de insondáveis mágoas,

E eu atordoado em meio a tua turbulência.

Perscrutei decidido tua alma,

Vislumbrando um inexistente sol,

No céu da ilusão um falso arrebol;

pervertidos ventos, de simulada calma.

Querendo te decifrar, voei,

Buscar tua verdade enfim.

Teu signo, tua cidade e assim,

O céu do teu voar sondei.

E ai, o abismo veio como a ultima porta a ser aberta.

Uma solidão de úmido e escuro frio.

E gritei aflito o meu maior vazio,

E veio no eco do silencio a resposta: Sois poeta!