Dois Barcos

O mar tinha dois barcos num único colo
azul de tanto verde, verde de tanto azul
filhos dos homens nas águas de Netuno
madeira encharcada de céu, véu do dia.

Nas areias toda ousadia em pele e osso
no vento, arrepio, soprando norte ou sul
solo sobre os tímpanos da música vazia
ondas, os martelos das pedras seculares.

Uno minha imagem ao mundo do oceano
inútil carne em frente ao pranto da Terra
panos pintados numa mente em anarquia
o mar, bêbado de vida, tinha dois barcos.
 
Dado Corrêa
Enviado por Dado Corrêa em 25/12/2013
Reeditado em 27/12/2013
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