E tudo passa
e deixa só as inevitáveis marcas,
as lembranças tantas em cicatrizes perfeitas,
mas há dores sem marcas,
que mesmo na lembrança do que foram, doem,
e permanecem como o que são,
dores e marcas, dores marcadas na vida,
em momentos que nunca se vão.

Meu pai,
teus olhos eram ontem esses azuis em meus céus,
ou mais, eram todo o azul do céu a me olhar,
dali de tão distante, de um tempo que não volta mais.

Minha mãe,
teu sorriso era como esse sol que nasce
e que se põe no horizonte de todas as minhas tristezas,
mas que nunca deixou de me iluminar.

Vocês se foram,
não sei se cedo ou tarde,
pois que não há tempo definido para nossas perdas.
E eu que nunca me soube ou vi preparado ou não,
não sei se isto que sinto é somente desamparo
ou só o desespero de não ter onde me amparar.

E me fazem falta
e nessa falta que me fazem deixaram suas marcas,
essas cicatrizes perfeitas em feridas outrora abertas,
essas dores que só de lembrar a cada momento,
acham de doer sempre de um modo diferente.

Mas trazem sempre, porém, a certeza feliz
de que são lembranças boas que estão cá dentro,
cá dentro de mim ainda, ainda comigo.
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 23/12/2013
Reeditado em 06/02/2021
Código do texto: T4623318
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