Itinerário Idílico

Punge a luz solar na tristeza anil entre nuvens

Em direção a olhos de esmeraldas e safiras

Feitas de uma imensidão de lágrimas

Que escorrem em ondas no colo da terra

Como um soluço de vida que espera estancar-se,

Ao fim do itinerário torna-se morna

Na medida em que se aproxima das lágrimas

E num breve momento marejam olhos castanhos

Maquiados numa coroa lúgubre dourado-púrpura,

Mas quando a luz naufraga o seio da terra esfria,

Lágrimas surdas estouram em rochas frígidas

E as entranhas da terra congelam

Bloqueando a passagem para o colo desta,

O mundo tem suas pupilas dilatadas numa negra vastidão

Que devasta a esperança verde das esmeraldas,

Estanca a tristeza azul que a safira refletia,

Apaga as flores mornas do velório do ocaso

E feito uma lástima suicida de Ofélia

Emerge o luar pálido boiando prenhe de melancolia

Como um mórbido afago de lamentos sutis

Em contrapeso do desvairado furor noturno

Que irrompem ondas negras de volúpia em fluxo

Contra o colo da terra abrindo os olhos de rubis

Ruivos em loucura acesa nas almas dos homens

Para arder e queimarem as entranhas frígidas

Da terra ausente de luz, e num gozo de caos

Retrair as pupilas do mundo no alvorecer

Das efêmeras quimeras atidas na estrela da manhã

Desvanecendo o escarno cáustico da loucura

Que o pranto da noite nos implora a arder

Depois de milhares de itinerários iterados,

Tudo que é ardentemente valioso

Esta sempre em clima de despedida

Embora se repita freneticamente

Para quem apenas contempla o gozo da vida

Na brutal natureza de tudo

Que em gestos idílicos

Nasce chorando

Por já esta dizendo adeus.

07/12/2013

Leandro Tostes Franzoni
Enviado por Leandro Tostes Franzoni em 22/12/2013
Reeditado em 29/11/2023
Código do texto: T4621787
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