Outros outonos já não há
Outros outonos já não há
Ficaram para trás
Com suas folhas secas
Suas flores murchas
Arrastadas pelo vento
Num rodamoinho sem fim
Desalinhando cabelos
Cruzando braços na solidão
Ou abraçando o sonho da primavera
Que não tardou em vir...
Outros outonos já não há
Inesquecíveis ou não
Marcantes para os amantes
Solitário para os pensantes
Eterno momento lírico
Para poetas absortos
Na natureza que se exibe
Numa manifestação singela
De afável fúria que embeleza
O gris das tardes melancólicas...
Outros outonos já não há
Levaram consigo lembranças
De inspirados clubes de esquina
Poetando canções cristalinas
E meninas sonhando verões
Propondo amores ao sol
Mas que tão logo já se esfria
Quando novamente sem licença
Outro outono surge solene
Afagando despretensiosos corações.