POETAR
Sangra o verso cálido, a poesia escorre
Do ventre estéril, a infecunda estrofe
Volátil pena que não escreve a rima
Néscio desejo de uma musa insana
Chora o poeta no momento austero
De olhos cerrados ao cair no abismo
Irascível sonho que não se realiza
Agonia ilícita a escravizar-lhe a alma
E a pena treme, a lágrima cai
Instintivamente mira o horizonte
Como a divisar o verso inclemente
Que se faz ausente quando ele mais o quer
Mas sabendo ele que todo mal passa
Fecha o caderno da desilusão
E espera em paz que lhe volte plena
A inspiração serena do seu poetar