Barão do Avesso
Olho para cima e vejo lama e a sola dos olhos que me pisoteiam,
Olho para frente e desenham uma estrada proletária reta
Onde devo seguir olhando para baixo e a única colina a subir
É da dignidade que não é suficiente para pagar o aluguel
Nem a educação e mal sobra para comprar o leite,
A luz do dia é um lapso do caminho da toca ao calabouço industrial e vice-versa,
Só conheço a noite e a cólera a qual me entreguei,
E através delas o medo de meus olhos transferiu aos olhos que me pisoteavam,
Meu rosto apolíneo decomposto pelo sudário noturno revela o crânio da barbárie
E pelo o horror sacio minha obsessão pelo respeito
Naqueles olhos de amor ausente que hoje se faz temor presente,
E o viés indecente dos filhos dos dignos faz minha indignidade argentária
Decente o suficiente para comprar meu império
Que governa o avesso da colina e trilha os caminhos tortos
Aonde teu rebento vem se perder, e tu além de temeres o meu poder,
Iguala teus ombros à altura dos meus para alares meu império,
Porem os recursos são ineficazes pela lealdade anêmica dos teus,
Então dobras os joelhos e pede ao escuro a salvação de tua prole do escuro,
E em teus murmúrios sombrios mastigas teu orgulho dilatando tua garganta
Que sucumbe pela primeira vez produzindo o grave som
E tua língua desenha esse som saindo a palavra que outrora
Meu âmago perdido implorara a ser chamado,
Mas agora é tarde demais para me chamar de homem.