Barão do Avesso

Olho para cima e vejo lama e a sola dos olhos que me pisoteiam,

Olho para frente e desenham uma estrada proletária reta

Onde devo seguir olhando para baixo e a única colina a subir

É da dignidade que não é suficiente para pagar o aluguel

Nem a educação e mal sobra para comprar o leite,

A luz do dia é um lapso do caminho da toca ao calabouço industrial e vice-versa,

Só conheço a noite e a cólera a qual me entreguei,

E através delas o medo de meus olhos transferiu aos olhos que me pisoteavam,

Meu rosto apolíneo decomposto pelo sudário noturno revela o crânio da barbárie

E pelo o horror sacio minha obsessão pelo respeito

Naqueles olhos de amor ausente que hoje se faz temor presente,

E o viés indecente dos filhos dos dignos faz minha indignidade argentária

Decente o suficiente para comprar meu império

Que governa o avesso da colina e trilha os caminhos tortos

Aonde teu rebento vem se perder, e tu além de temeres o meu poder,

Iguala teus ombros à altura dos meus para alares meu império,

Porem os recursos são ineficazes pela lealdade anêmica dos teus,

Então dobras os joelhos e pede ao escuro a salvação de tua prole do escuro,

E em teus murmúrios sombrios mastigas teu orgulho dilatando tua garganta

Que sucumbe pela primeira vez produzindo o grave som

E tua língua desenha esse som saindo a palavra que outrora

Meu âmago perdido implorara a ser chamado,

Mas agora é tarde demais para me chamar de homem.

Leandro Tostes Franzoni
Enviado por Leandro Tostes Franzoni em 20/12/2013
Código do texto: T4619468
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