As Ingênuas Lágrimas da Negra Lua
As lágrimas escorrem pelo meu rosto
Como as gotas d'agua que, pela parede, fluem
Mesmo oriundas d'uma pequenina nuvem,
Ambas despejadas neste mês de agosto.
Gemidos d'alma, invisível dor de desgosto.
Temo, no fundo, a perda d'um certo alguém;
Que está prestes a partir naquele maldito trem.
Enquanto creio ter de ir eu pro lado oposto.
Acompanho o ritmo desta tenebrosa chuva.
Penso: estarei só até quando seu curso conclua
Mas Anseio agora ver o límpido céu e a negra Lua.
Saindo à rua; pego meu casaco e minha luva...
Lástimas escorrem por dentro... Abro meu guarda-chuva.
Caminho em Londres... Com tudo isso, minha vida alua...
Tais gotas d'chuva, serão lágrimas da celeste Ingênua
Que também teme ser "viúva"?
Ambos derramados neste mês de agosto
Estão as gotas, as lamúrias, as lágrimas
As incertezas, os temores, as lástimas
E as saudades, bem expostas no meu e no seu rosto.
[No rosto da Ingênua e Negra Lua.]