Silêncio de um viajante

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Viajo pelas cinzas paragens.

Mortes e morte... Corpos na estrada.

Cercas sem flores: trêmulas, tremulam.

Torrões quentes e vida parada.

Eu dirijo acompanhado,

percorrendo o mundo...

Mas a solidão está em mim.

Tenho um pé que acelera,

deixando poeira no quente asfalto.

Manto negro que me mete medo:

o negrume aviltante do holocausto.

Eu dirijo acompanhado,

as paisagens mudam...

Mas a solidão está em mim.

Fazendo alavancas, acelero,

desejando mover o mundo...

As cidades passam, cruzam por mim;

e vou me sentindo moribundo.

Eu dirijo acompanhado,

por dentro de todas as cidades,

mas a solidão está em mim.

Meus pés não sentem o solo:

esbarram no tapete do piso.

Tão estático, mas tão dinâmico...

Traduzo o sentimento num sorriso.

Eu dirijo acompanhado,

com articulações doloridas...

Mas a solidão está em mim.

Os pneus singrando as estradas

são os reflexos da vida terrena...

Passam, deixam e trazem marcas,

do viço da vida à idade serena.

Eu dirijo acompanhado,

descortinando o mundo...

Mas a solidão está em mim.

Crato-CE, 27 de Novembro de 2012.

00h34min

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Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 19/12/2013
Código do texto: T4618667
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