Não me desagrado
de meus traços, dos marcados passos,
nem do tempo passando pela minha vida,
ou sequer de minha vida passando pelo tempo.
Porque as marcas que trago nem são de cansaço,
é a necessidade da lida,
da qual se tira o pouco sustento,
é a dor doída,
ruína que nem chega a ser de um tormento.
É só a necessária dor da lida,
que parece, mas não é sofrimento.
E o que me dói mais
não é saber se aguento,
é ter de ir e deixar para trás
o peso de tanto sentimento.

A morte apaga as marcas do tempo.
Nem isso me desagrada,
talvez só este pressentimento
deste tudo ser assim mais nada.

Não me desagrado do tempo,
dessa dura lida de viver tanto.
Porque vivo e é só por enquanto,
porquanto toda a vida é só um momento...

 
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 19/12/2013
Reeditado em 06/02/2021
Código do texto: T4618527
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