Entre Khronos e Kairós


Tempo, tempo, tempo, tempo... Oh, tempo inefável
Que transcorre dúbio, paralelo através de si mesmo,
Eterno paradigma em que por vezes eu ensimesmo,
Vendo-o se extinguir no próprio tempo, inexorável.

Tempo, oh tempo que se mostra assim, inclemente,
Nesta sucessão de anos, meses, dias e minutos vazios,
Tempo que desperdiçamos, vendo-os morrer baldios,
Tempo em que te vejo distante, aguardada somente.

Tempo, por que não te tornas síncrono entre Khronos
E Kairós, sentidos de tempo tão diferentes e diversos,
O primeiro, expresso pelo suave enlevo de meus versos
Que te embala, levada por entre este mundo de sonhos.

O segundo, o tempo de Deus, tempo de infinda espera,
Em que te aguardo e, quando vens, logo esvai, lépido,
Sem mesmo nos dar tempo para nos amarmos, intrépido,
Levando a divagar se o próprio tempo não é uma quimera.

Pudesse eu conciliar, fosse Deus, em perfeita harmonia,
O infinito tempo de espera por tua aguardada presença,
Com o presto quando estás presa em meus braços, intensa,
A contemplá-los, Khronos e Kairós, se fundirem em poesia.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 19/12/2013
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