Cruel Morfeu
À noite
Minha cama multiplica-se:
A cada passo avante
Ao amanhã
A solidão se expande
E eu, diminuto,
Me perco nas dunas-lençóis,
Me afogo no mar-travesseiro
E adormeço ilhado.
E você vem.
Guia fiel ao barco à deriva,
Estrela murmurante quebrando o silêncio.
E deita ao meu lado
Se aninha ao meu peito.
E acariciado por seu doce fôlego
Não sou mais eu...
Diluído,
Respirado,
Consumido
Por seu toque,
Me encontro
Onde não sou
E lhe completo
Onde não estás.
Mas ao acordar
Você se dissolve
E passo todo o dia
Preso em dois pensamentos:
És uma miragem?
Voltarás esta noite?
Esperanças...