A primeira vez


Ainda bem me lembro, e como tanto me lembro,
Da primeira vez em que nos amamos, você, contida,
Em seus anseios de menina moça, ainda virgem,
Sentindo crescer em seu corpo a incontida vertigem
Que o contato com o meu lhe propiciava, e, acolhida
Em meus braços, dolente se entregava, era setembro.

Mesmo sem a poesia que se encontra em um motel,
Ou em qualquer outro lugar bem mais acolhedor,
Nossa prima vez foi no banco traseiro de um carro,
Meu corcel, onde nos amamos, após um cigarro,
Como era costume à época desta juventude de ardor,
Olhando, sob a mangueira, a lua cheia a brilhar no céu.

Tantas vezes outras houveram em que nos amamos,
Atendendo ao clamor que nossa juventude requeria,
A todo momento, cada vez mais, muito mais intenso.
E, assim de repente, eu parti para bem longe, infenso
Ao sofrimento, deixando em seu peito, em sua poesia,
Gravado, como no meu, o quanto por muito clamamos.

Tanto tempo se passou e ainda mantenho guardado,
No mais íntimo de mim, nos mais puros pensamentos,
Deste momento em que me confiou sua virgindade,
Momento que ainda trago comigo, apesar da idade,
Deste coração envelhecido, ainda cheio de sentimentos,
Guardados por todo este tempo e tanto a tem amado.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 17/12/2013
Reeditado em 02/01/2014
Código do texto: T4615946
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