CONTOS DO MENSAGEIRO
Às vezes o cheiro do mar me enjoa
Nem sempre a caminhar por lá, estou à toa
Vejo gente que emerge, que sonha, que sua
Que querem ser livres como a gaivota que voa
Ou presos sem dor
Às vezes enxergo escuro com o dia já claro no Arpoador
Vejo os que "malham", correm, trabalham, caminham, passeiam
E até esquecem o rancor
Entro em edifícios, acessos difíceis
Encontro com sócio, cliente, credor
Vejo destroços, restos, rostos expostos
Vejo ambulantes, feirantes, flagrantes
Os indispostos, os dispostos, os impostos
Vejo mendigos, ricos, anônimos, famosos
Os crentes, os descrentes, raça e cor...
Em fim, sempre atento ao relógio percebo espantado
Que a hora "voou"
Então retorno cansado, conformado, agradecido
Por mais um dia que simplesmente passou
Ando a pé até pelo transito, ouço cânticos, penso no amor
Todos andam e amam no meu Brasil desigual, sem pudor
De inverno sem frio e verão sem calor.