Vulto

Percebo meu vulto em cada ângulo

Da alcova atapetada em estilo persa,

Aqui e ali ele timidamente tropeça

Na apatia excessiva do estado sonâmbulo.

Pálido de vexame, esconde-se entre as cortinas

Das largas janelas diante do pátio,

Sinto arrepios em cada ponto do espaço

Ecoarem discretos vindos de baixo e de cima.

Penumbra anestésica dormita-me os gestos

E vejo o vulto encarapuçado cada vez mais perto

Dos meus sentidos acoplados sobre a cama...

Na atmosfera do ambiente há um vazio impostor

Que suga minhas forças dissipadas pelo torpor

Do vulto que energiza meu pensamento em chamas!

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 16/12/2013
Código do texto: T4614500
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