Vermelho de Vênus

Teus olhos abriram como concha

Revelando a pérola de tua alma

Lapidada após tua primeira década,

Teu despertar suave e vivaz é substituído

Pela letargia de teus membros

Que se rebelam contra a rotina de teus movimentos,

Teu caminho sólido se desfaz em vertigem

Causada pelo precipício de emoções que se abre em teu coração,

Um arco-íris de flores se desfaz numa hemorragia solar

Inundando e ardendo de vermelho púdico

A flor que entre o véu se abre para a vida,

Cólicas coléricas descolam coágulos

Numa chuva endométrica de favos rubros,

Prelúdio de sangue que configura tua luta e sobrevivência

Em milênios de violência brutalmente estruturalizadas

Por uma cultura que tem a face barbada da barbárie,

Um delírio de contornos surge pela arquitetura do tempo

Em teu templo, somente teu, que os bárbaros barbados

Profanam, pilham, tomam posse através de toda história

Sob a égide do amor estigmatizado pelo ódio,

Vênus violentada pela virulência de narrativas sangrentas

Travestidas de sedução, beleza e paixão,

Vermelho é a mancha na roupa como flâmula

No íntimo de tua história de resiliência, resistência…existência.

Leandro Tostes Franzoni
Enviado por Leandro Tostes Franzoni em 15/12/2013
Reeditado em 29/11/2023
Código do texto: T4613088
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