AZÁLEA

De onde estava eu a vi elegantemente passar.

Parecia deslizar pelo passeio ao caminhar.

Os passos eram cadenciados, medidos, encantavam.

Os braços se movimentavam harmoniosamente,

Numa perfeita simetria ao todo correspondente,

A mostrar o garbo e altivez que dela emanavam.

O traje, simples porém de extremo bom gosto, adornava

E evidenciava seu corpo de generosa beleza, que mostrava,

Mas consciente da absoluta impossibilidade de escondê-lo.

Entretanto, Azálea, Azaléia como era alcunhada por muitos

Guardava consigo grande mágoa, considerando os intuitos

Deliberados de dar-lhe um adjetivo para o qual não é modelo.

Sentia-se, com grande tristeza, ser desejada mas não amada,

Situação que, por sua formação,a deixava deveras enfadada.

Não se apequenou, jamais, e, cada vez mais elegante,

Por onde passava deixava um rastro de copiosa fragrância,

Espargia luz, irradiava sua esplendorosa beleza à distância,

Deixando boquiabertos, abestalhados, os néscios infamantes.

Do comportamento retilíneo em tempo algum se descurou,

Pois sempre nos momentos de reflexão de sua mãe se lembrou:

“Seja elegante sem ser fútil; humilde, sem ser submissa.

Fazer o que lhe apetecer, mas dentro dos padrões morais,

Respeitando cega e convenientemente os princípios legais,

Pois não há respeitabilidade e felicidade fora dessas premissas”.

Os anos se passaram. Azálea enfrentou - e o fez com dignidade-

Os olhos cruéis e censuráveis de uma minoria da sociedade.

Venceu obstáculos, arredou empecilhos e conseguiu alto cargo

Conquistar num dos três poderes deste país e com competência

E fidelidade o exerce, de tal maneira como se com ele vivência

Tivesse, embora, na verdade, tenha enfrentado dias amargos.

levy pereira de menezes
Enviado por levy pereira de menezes em 23/04/2007
Reeditado em 12/09/2007
Código do texto: T461303