SAIDEIRA

Vou pegar um galope à beira-mar

escrever na areia teu santo nome,

consumir essa aflição que me consome,

proferir pensamentos alucinados,

produzir sentimentos com passados,

pra rasgar o futuro complacente,

rascunhar teus lábios e entre os dentes,

fazer papel picado do presente,

dar o bote apagando a lua cheia

e beber o veneno da serpente.

Vou compor pra repor a saideira

no mourão da porteira assoviar,

tão carente de amor ali rezar

de joelho pedindo luz e guia.

Inalar a fumaça e a maresia

assoprar embaçando a retina

como fosse uma imensa serpentina.

Depois de soltar fogo pela narina

feito o papo de uma carabina

deixarei tudo na mão divina.

Quero visitar marte e no ensejo

vadiar por plutão à luz do beijo,

amarrar um relâmpago no rabo do capeta

pro mundo pensar que é um cometa.

Tão sutil sempre olhando pela greta

vou apagar teu nome na areia,

amar-te até que venha a lua cheia

deixar meu legado à moda antiga

e se nada der certo ninguém liga,

pois a erva a tudo desnorteia.

Saulo Campos - Itabira MG

Saulo Campos
Enviado por Saulo Campos em 14/12/2013
Código do texto: T4611382
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