Se Eu Morresse
Na lápide fria o meu nome
E os vermes cinzas que me consomem.
São as vestes nuas que me contrai
É minha voz, a tinir nos ouvidos do mundo.
E do silêncio, mais uma visita que sai.
Assim foi depois do meu cortejo
Um beijo na testa, um aceno, um desejo.
E a tampa que fecha a urna mal lavrada.
Talvez fosse a hora da chegada.
E o vazio póstumo que os consomem
Poucos dias, talvez, não lembrem o meu nome.
Das escadas vazias, ao lado da cama.
O copo de cana, o uísque e o vinho.
Passos tortuosos. Meu caminho
E sim, vi o brilho da noite.
Nas bocas malditas, o meu nome.
Das línguas felinas o açoite
E os surdos temporários a levar a urna
E os passos traçados, sonoros, sem fim.
Lá bem de longe, no jornal, um artigo.
Que o vento o expulsa de mim
E quem me ama, morre comigo.