Se Eu Morresse

Na lápide fria o meu nome

E os vermes cinzas que me consomem.

São as vestes nuas que me contrai

É minha voz, a tinir nos ouvidos do mundo.

E do silêncio, mais uma visita que sai.

Assim foi depois do meu cortejo

Um beijo na testa, um aceno, um desejo.

E a tampa que fecha a urna mal lavrada.

Talvez fosse a hora da chegada.

E o vazio póstumo que os consomem

Poucos dias, talvez, não lembrem o meu nome.

Das escadas vazias, ao lado da cama.

O copo de cana, o uísque e o vinho.

Passos tortuosos. Meu caminho

E sim, vi o brilho da noite.

Nas bocas malditas, o meu nome.

Das línguas felinas o açoite

E os surdos temporários a levar a urna

E os passos traçados, sonoros, sem fim.

Lá bem de longe, no jornal, um artigo.

Que o vento o expulsa de mim

E quem me ama, morre comigo.

Genival Silva
Enviado por Genival Silva em 13/12/2013
Reeditado em 07/11/2017
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