COLISÃO
Será meu silêncio quem chora?
Essa lágrima de tudo quanto é não
Encontro a solidão entre os cigarros
Esfumaçado de fraudes e de alusões
Ao amor tragado à distância
Compulsivo pulso do meu coração
Grilos cantam no acasalar da noite
Enquanto eu toco na minha solidão
Qualquer coisa que me açoite
Ufano minha dor, num porre
O relógio louco, o giro dos ponteiros
O meu tempo continua sendo o mesmo
E toco um acorde que dorme
No peito tão calado, sem clarão
De longe da tua claridade
Só há caridade no velho violão
Violas as violas dos saraus
Poetas tristes conduzem
as mesmas naus,do mesmo caos
Náuseas nos quebrantos e nos cantos
Colido comigo
Toda forma é sincera
Irei sofrer como posso
Por ela...
Por ela essas noites calado
Caladas no barulho das emoções que se chocam.