O velho

De dentro do corpo corroído,

Ele observa bem a rapariga.

Olha-a demoradamente, sem urgência:

Impossível, aos homens, sabê-la, deduzi-la,

Não a ele, que já a descobriu há seis séculos.

Lamentosamente, dispara-se para o abismo:

Não é a rapariga, irresoluta e desvairada,

Que se chega impontual, incogitável, agora mesmo.

Não é ninguém,

Não é nada.

Na rapariga há toda a enunciação.

É gorda e possível.

Por fim, ele sopra o bafo de alcaçuz

Aonde mais arrepia e eriça os pelinhos.

Welliton Oliveira
Enviado por Welliton Oliveira em 12/12/2013
Reeditado em 14/12/2013
Código do texto: T4608629
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