Raquel
Quando te vi...
Pensei estar no céu.
Anjo negro cuja boca parecia mel.
Tendo num sorriso,
O rosto infantil,
A esconder o malicioso sentido...
Perigo...
Um corpo em véu;
Almejando conhecer o cio.
Foi o que me cingiu.
Feito Iara,
A beira do rio,
Ao bater os olhos,
A emoção me confundiu.
E apaixonado me deixei levar.
Quando enfim, saciastes a tua necessidade de amar!...
Me deixastes ao luar das matas,
Esperando na saudade a tua volta.
Com o andar das horas mortas.
O mel,
Já era fel...
Vi que daquela realidade,
Talvez sem maldade,
A dor já era a minha reflexão.
Mesmo guardando a paixão,
Compreendi que se me permitisse ainda sonhar tal ilusão,
Com certeza, além da solidão,
A minha noiva seria a morte.