SE SUM PAULO NÃO TEM VIOLA
Na Luz, o trem apita,
caipira é leva
de violão e malmita.
Coração palpita...
Na Estação do Norte
cabeça-chata fugiu da morte
diz que tem sorte,
com fome não...
- morreu de frio...
E tudo se junta
no jogo bruto,
domingo com a turcaiada,
prá jogar truco
prá dar o troco.
No Palestra a italianada.
Tem hora, é uma coréia!...
Japonesinha tetéia
cantando na liberdade
geral geléia.
Que maldade nessa cidade,
princezinha e plebéia.
Tem homens sérios
nos escritórios,
donos do mundo,
capitão de indústria,
muita gente de gravata,
para o meu gosto.
Muita gata com desgosto
na solidão da Sertório.
muita esfrega, muita entrega,
corre-corre,
que senão o bicho pega.
Entra na fila
prá não estressar
um batalhão de ranzinzas
que luta por seu espaço
na paulicéia desvairada.
Aqui impera e zera
a tolerância cidadã...
Pouco importa se é cinza.
A madrugada abriu as portas,
boto a minha viola no saco,
que saco!...o trem prá Jaçanã.
Assim não dá, meu,
assim já era...
Dá dor de barriga,
vou me esbaldar no Bexiga.
Se encontrar o Ernesto
que me convidou pro samba,
- ele mora no Braz,
vou quebrar minha viola,
na raiva que maltrata,
pelo gesto do rapaz.
Viro na tumba da Consolação.
Retumba a canção amarela
do Noel Rosa e todo prosa,
tiro um sambinha da goela
- pela gravata...