[Um sorriso, um olhar]

[Para Sandra Bittencourt]

Madrugada.

Esgotado o estoque de sono,

dói-me o corpo de tanto revirar na cama.

Visita-me novamente aquela mágoa:

algo acontecido lá atrás;

ou pior: desacontecido...

Mágoa imprecisa avivada pelos sonhos...

sonhos de que nem me lembro,

ou lembro-me apenas de alguns fragmentos.

Vivência de momentos de intensa doação,

do prazer de estar perto de alguém assim,

muito, muito significante.

[A angústia de quase saber o cheiro,

mas de não o ter na memória]

E no entanto,

a palavra que tenho agora,

a palavra que me fala, é mágoa.

Nem me arrisco a perguntar...

O Passado fica quietinho,

lá no fundo do tacho da vida,

até que a gente lança um anzol,

uma fisga, e mexe e remexe...

até formar essa mistura louca...

Fui longe, bem longe

em busca de um sorriso, um olhar,

aquele, de uma certa tarde...

Ah, quanta perda, quanta perda...

a regressão é mesmo errada? Será?

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[Desterro, 10 de dezembro de 2013]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 10/12/2013
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