[O áspero muro do Não]
Acho-me um ensimesmado contumaz,
tão contumaz, tão viciado em solidão
que, se me pedem alguma coisa,
fico inseguro: eu deveria dizer não?
E sei muito bem que ao colocar-me
atrás do áspero muro do Não,
nada, ninguém, nunca
vai conseguir me demover!
Será... será que eu deveria
sempre dizer não, será?
O exercício do Não tem assim,
uma dura, uma aguda clareza;
coisa para poucos, bem poucos...
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[Desterro, 10 de dezembro de 2013]