OCASO
Inútil busca no fim da estrada
Longe, lá no horizonte, madrugada
O céu flameja, açoita o dia
Numa dor lancinante.
Guardo nos olhos as cores do barrado,
Delas faço uso todo o tempo,
Carrego-as comigo,
Costuro-as no pano de minha saia;
Com elas danço roda,
Mostro as pernas,
Giro a valsa,
Na tentativa de convencê-las
A ficarem comigo
Tão lindas essas cores da aurora!
Para não esquecê-las,
Seguro-as até o ocaso,
Outra vez me enamoro,
Estalo os olhos, nelas me perco.
Vã labuta,
Vem a noite, tudo é escuro,
Vão embora e de todos os matizes
A mim fica apenas a rubra cor.
O meu peito enrubesce
Cálida e velada
Minha noite aquece,
Calma, esquecida da manhã,
Como convém!
Dalva Molina Mansano