Passei... Passaste...
- Passei...
- Como uma breve chuva fina.
- Passaste também...
Eu fiquei só, e tu só ficaste nessa ruina.
- Eras linda, bela e invejada,
e eu jóvem , possuia quase tudo...
... hoje quase nada!...
Passou o tempo - nós passamos também -
como tu, passei de braços em braços.
Hoje como ontem, esse mesmo mormaço
nos diz que a vida não nos convém.
Passei do tempo, ah! Que desastre!...
Passamos no tempo, passei... Passaste...
Já não tenho memória, não mais consigo
lembrar-me que estive contigo.
Quando nos torna inútil a vida,
resta-nos a morte,
abraça-me novamente
como outrora me abraçavas.
Somos agora dependentes da sorte,
- veredito final - recompensa ou castigo.
Errei fui castigado,
foste castigada porque erraste.
Hoje não somos ninguém,
somos um passado.
- Afinal eu passei...
- E como eu, tu passaste!...
fim