POEMA DO POETA BÊBADO
Tomei um trago a mais...
E misturei meus sonhos e saudades
de tal sorte e desastrado jeito
que já não sei se é riso ou se é pranto
que ri e chora dentro do meu peito.
Tomei um trago a mais...
E perdi as rimas dos meus versos
e os meus antigos versos esqueci...
Dentro de mim, ao fim, fiquei perdido
e perdido em mim, não sei, nem bem perdi.
Tomei um trago a mais...
Suponho que eu esteja onde eu saiba
e que meu bem saiba onde estou...
Já não sei de quem buscar socorro,
se de quem amo ou de quem me amou.
Tomei um trago a mais...
Sem motivo... Como vou saber?
Por uma lembrança? Um remorso, talvez?
Ou uma velha tristeza perdida
a afogar no corpo a ânsia de esquecer?
Amigos, as palavras tristes me perdoem.
Se elas, de algum modo vos magoem,
muito mais a mim ferem, como punhais!
É uma tristeza boba... E eu lhes confesso:
tomei um trago a mais...