Consagração
Consagrei-me ontem poeta
e consagrada
erigi-me à pedra
com asas de anjo
e publiquei poemas
escritos a fogo
no bronze
de onde me alcei
ao infinito e ao eterno
Desço hoje da pedra
e vou a pé
sem bronze
nem fogo
nem asas
subir à fronte
onde pousa
apenas
um poema
de vento
Um poema
consagrado somente
por ser um poema solto
que não escrevo
mas que me lê
desde a fronte
até os pés
Serei
leitora de mim
amanhã
E então me elevarei
apenas solta – apenas eu
Nua
de fronte
e de poemas
aos pés do vento...