Homens de Vida, Homens de Morte
Está cada vez mais difícil sair as ruas
a violência é desafio de mil magos
ao sair contei de facadas, só duas
mas quem saberá dizer o estrago?
Fui sedado, alguém opera em mim
enquanto tento consolar minha mãe
chora desolada acreditando no fim
eu num abraço quieto aperto minha mãe
Meu pai ficou calado em seu mundo
triste, eu sei, mas sem mostrar a ninguém
deve lembrar quando chamou vagabundo
e agora já não me compara a ninguém
Minha maninha, pequena, tadinha
chorando, perguntou se irei morrer
grita dizendo que não quer ficar sozinha
enquanto minha mãe chora dizendo "vai viver"
Não sei se tenta consolar sua filhinha
ou se tenta convencer a si mesma
talvez esse seja meu adeus a maninha
e sua vida nunca mais seja a mesma
Meu irmão acabou de chegar do trabalho
ele foi o ultimo a ser avisado, "a fera"
lágrimas nos olhos e papo no gargalho
chegou abraçando o pai que o espera
Choraram, homens criados choraram juntos
e as jovens damas com eles choravam
enquanto os médicos oravam juntos
por todas as almas que no mundo viajam
Uma máquina pode ser um coração
e as os segundos eternos passam contados
os doutores disseram para fazer a oração
pois nem eles estão esperançados
Mas eu estive ali o tempo todo
jamais deixaria-los ali, desolados
talvez, daqui a minutos esteja morto
mais jamais deixarei os seus lados