Homens de Vida, Homens de Morte

Está cada vez mais difícil sair as ruas

a violência é desafio de mil magos

ao sair contei de facadas, só duas

mas quem saberá dizer o estrago?

Fui sedado, alguém opera em mim

enquanto tento consolar minha mãe

chora desolada acreditando no fim

eu num abraço quieto aperto minha mãe

Meu pai ficou calado em seu mundo

triste, eu sei, mas sem mostrar a ninguém

deve lembrar quando chamou vagabundo

e agora já não me compara a ninguém

Minha maninha, pequena, tadinha

chorando, perguntou se irei morrer

grita dizendo que não quer ficar sozinha

enquanto minha mãe chora dizendo "vai viver"

Não sei se tenta consolar sua filhinha

ou se tenta convencer a si mesma

talvez esse seja meu adeus a maninha

e sua vida nunca mais seja a mesma

Meu irmão acabou de chegar do trabalho

ele foi o ultimo a ser avisado, "a fera"

lágrimas nos olhos e papo no gargalho

chegou abraçando o pai que o espera

Choraram, homens criados choraram juntos

e as jovens damas com eles choravam

enquanto os médicos oravam juntos

por todas as almas que no mundo viajam

Uma máquina pode ser um coração

e as os segundos eternos passam contados

os doutores disseram para fazer a oração

pois nem eles estão esperançados

Mas eu estive ali o tempo todo

jamais deixaria-los ali, desolados

talvez, daqui a minutos esteja morto

mais jamais deixarei os seus lados

Aleph Maia
Enviado por Aleph Maia em 05/12/2013
Código do texto: T4599999
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